Brasília vai sediar neste sábado (26) um encontro poderoso de vozes negras femininas na área externa do Museu Nacional. A partir das 19h, Zezé Motta, Malía, Isa Marques, Larissa Luz, Nessa Preppy, Duquesa, Luedji Luna, IAMDDB e Karol Conká marcam, com música e ativismo, o 18º Festival Latinidades — o maior da América Latina voltado para mulheres negras, latinas e caribenhas.
Mais do que um show, o encontro é também um grito de resistência. As artistas que sobem ao palco representam diferentes gerações e trajetórias, mas têm em comum o uso da arte como ferramenta política e pedagógica. Elas fazem da música uma linguagem de denúncia, de pertencimento e de transformação social.
A cantora e compositora Nessa Preppy, nascida em Trinidad e Tobago, traz em suas canções uma mistura envolvente de soca, dancehall e afrobeat — e carrega consigo a força de quem aprendeu cedo a enfrentar o racismo.
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“Fui tratada de forma diferente em inúmeras ocasiões e, como sempre fui o tipo de pessoa que fala o que pensa, enfrentei essas situações imediatamente”, contou à Agência Brasil.
Nessa destacou que as desigualdades estruturais permanecem em diversas frentes. “As mulheres sempre tiveram que se esforçar mais para provar seu valor, e ainda existem enormes desigualdades salariais e diferenças nos padrões exigidos de mulheres em comparação aos homens”, afirma. Para ela, a disparidade no acesso a plataformas e ferramentas entre homens e mulheres ainda é frustrante e revoltante.
Mesmo dentro de espaços considerados progressistas, a artista alerta para a reação negativa às lutas identitárias. “Acho que é uma falsa escolha colocar as lutas identitárias contra questões sociais mais amplas. Identidade não é distração — é uma lente que nos ajuda a construir mudanças mais inclusivas e duradouras.”.
O Latinidades, segundo Nessa, tem um papel crucial ao reunir diferentes gerações de artistas negras, latinas e caribenhas. “O trabalho que o festival realiza é muito impactante e significativo. Estou feliz por fazer parte e por poder compartilhar um pouco da minha cultura com o povo maravilhoso de Brasília”, afirma.
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Mesmo sem se autodefinir como ativista, a cantora acredita na potência do que faz. “Conto histórias por meio da música, com foco nas mulheres sendo autênticas e fiéis a si mesmas. Quero encorajar as mulheres a continuarem falando sobre seus desafios e a compartilhá-los sem vergonha ou medo”, diz.
Para Nessa, apesar das diferenças culturais, muitas das experiências das mulheres — especialmente das mulheres negras — são universais.
Os ingressos para o show são gratuitos e devem ser resgatados na plataforma Sympla.