Com uma carreira vitoriosa como meia, Danilo Sacramento agora quer repetir os jogos memoráveis à beira do gramado. Ele é técnico do União São João, time sensação da década de 1990 e que revelou o lateral-esquerdo Roberto Carlos ao futebol. O ex-jogador vive sua primeira experiência à frente de um elenco profissional e quer levar o clube de volta ao cenário nacional após 20 anos.
Sacramento, de 42 anos, tem uma vasta história no futebol. Ele defendeu times como Vasco, Cruzeiro e Monterrey-MEX, além de três temporadas no futebol europeu, sendo uma no Genoa-ITA e duas no Celta de Vigo-ESP, quando enfrentou craques como Del Piero, Figo, Pirlo, Ibrahimovic e Gattuso, com quem quase saiu na mão durante um jogo.
Depois de encerrar a carreira nos gramados em 2017, Sacramento migou para comissão técnica em 2023, quando atuou como auxiliar do União. No entanto, em fevereiro deste ano, o treinador Rafael Pereira foi demitido na terceira rodada da Série A3 e o ex-meia recebeu o convite para assumir primeiro de forma interina e, depois, efetiva.
– Primeiro entrei na escolinha para trabalhar com o sub-15. Quando o Edson Vieira assumiu, em 2023, deixou eu ver os treinos para ir aprendendo. Na Copa Paulista do ano passado, quando o Campagnollo assumiu, ele não tinha auxiliar e me levou. Eu continuei e, quando ele saiu, entrou o Rafael Pereira. Chegamos na semi. Agora na Série A3, continuou com a mesma comissão e, na terceira rodada ele [Rafael] acabou saindo. Recebi o convite do presidente e do gestor para assumir interinamente como treinador. Aí ganhamos dois jogos contra o Bandeirante em Birigui (SP) e do Comercial em Ribeirão Preto (SP), e eles acabaram me efetivando – relembrou.
Dicas valiosas
Ser treinador de um time profissional estava nos planos de Danilo Sacramento, mas não em tão pouco tempo. Ele ainda não tem as licenças da CBF para comandar o time à beira do gramado e, nos jogos, precisa estar acompanhado do treinador da equipe sub-20, Dênis Neves.
Com o novo desafio, telefonou para treinadores com quem trabalhou no período como jogador para pegar dicas.
– O que ajudou foi a experiência como ex-atleta. Peguei vários treinadores, vários grupos como jogador. Foi olho no olho, sempre falando a verdade com os jogadores. A gente brinca, fala a língua deles. Sem mentira, sem contar história. É tudo o que eu aprendi como atleta com os treinadores que eu tive: Luxemburgo, Antônio Lopes, Vadão, peguei o Gian Piero Gasperini no Genoa. São caras que agregaram muito pra minha carreira. Falei com o Milton Mendes, o Ito Roque, que me treinaram na Ferroviária e no Taubaté. Esses dois caras me ajudaram bastante quando prontamente liguei, eles me deram a maior força. Disseram que eu tinha potencial. Não é fácil, mas é uma coisa que eu sempre quis – afirmou.
Sacramento x Gattuso
Antes do giro pelo mundo como jogador, a carreira de Sacramento começou no mesmo lugar onde agora ele muda de patamar no futebol: no União São João. Foram cinco anos na base antes de chegar ao time profissional, em 2001, temporada em que o Verdão de Araras disputou a Série B do Brasileiro e o Campeonato Paulista.
Depois, foi comprado pelo Monterrey e emprestado a Cruzeiro e Vasco, onde fez parte do elenco campeão carioca de 2003 e tinha como concorrentes na posição nomes como Marcelinho Carioca e Petkovic, por exemplo.
O meia ainda rodou o interior em times como Ponte Preta, União Barbarense, XV de Piracicaba e Bragantino, mas destaca as passagens por Guarani, em que chegou à final do Campeonato Paulista de 2012, e Ferroviária, onde foi campeão da Série A2 de 2015, levando o clube de Araraquara (SP) de volta à primeira divisão após 19 anos.
No entanto, o período na Europa determina o auge da carreira do jogador. Pelo Genoa foram 22 jogos, todos pela Série A da Itália. Já no Celta de Vigo foram 27 partidas pela segunda divisão da Espanha.
Entre as inúmeras histórias com craques do futebol italiano, ele relembra uma “treta” com o volante Gattuso, ídolo do Milan e campeão da Copa do Mundo pela Itália.
– O sonho meu de criança era realmente jogar na Itália. Joguei contra caras que a gente só via na TV. Teve uma situação legal contra o Gattuso. Ele é um cara chato para marcar. Um cara briguento. Ele não amolava não, sentava madeira mesmo. Ele veio e me deu uma chegada. A gente acabou discutindo, mas aí tinham os jogadores do “deixa disso” que acabaram interferindo – contou de forma bem-humorada.
Retomada do União
Campeão brasileiro da Série C em 1988 e da Série B em 1996, a Ararinha viveu momentos difíceis desde que caiu no Paulistão de 2005, chegando até a fechar as portas 10 anos depois, na disputa da até então última divisão estadual, com dívida estimadas em R$ 15 milhões.
Após seis anos de inatividade, o União retornou em agosto de 2021 em uma parceria com a Prefeitura de Araras. No ano seguinte, voltou a jogar um campeonato oficial e, em 2023, foi campeão da Segunda Divisão (quarto nível estadual), garantindo acesso para a Série A3.
Neste ano, sob comando de Sacramento, o time chegou às quartas de final da Série A3, sendo eliminado pelo Marília após vitória por 1 a 0 no Estádio Hermínio Ometto e derrota por 3 a 0, no jogo da volta, fora de casa.
A partir de junho, disputará a Copa Paulista. O clube está no grupo 2, ao lado de Botafogo-SP, Comercial, Francana, Inter de Limeira e Itapirense.
Segundo Sacramento, o interesse do União em voltar a disputar competições nacionais conta com o apoio dos seis investidores que injetam dinheiro no clube. Para disputar a Série D ou Copa do Brasil de 2026 é preciso, no entanto, chegar à final da Copa Paulista.
–Hoje o objetivo é a Série D. Porém, a gente sabe que depois conquistando o objetivo e sendo campeão, aí as coisas podem mudar porque gente senta todo mundo, conversam presidente e diretoria para definir o melhor. Mas eu acho o mais vantajoso a Série D porque você tem um calendário e você tem o objetivo de subir pra Série C, porque daí você já começa a ter uma visibilidade ainda maior – finalizou.
Fonte: ge
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